A festa acabou e está na hora da verdade. Senac Rio Fashion Business, Fashion Rio, Rio à Porter, tudo numa só semana. Será que o Rio comporta tudo isto, nos mesmos dias, mesmos horários? Será que esta divisão veio para somar e multiplicar, vendas, lucros, divulgação, prestígio para as grifes e para o mercado fashion carioca? Ou serviu apenas para dividir, mesmo, diminuir tudo isto? É uma matemática complicada esta.
Se o Rio fosse uma cidade pequena, sem grandes distâncias nem engarrafamentos, talvez até fosse possível. Mesmo assim considerando jornalistas e clientes compradores verdadeiros atletas, capazes de suportar uma maratona de pelo menos doze horas diárias, de onze da manhã às onze da noite, com intervalos mínimos para comer e outras necessidades de todo ser humano.
Mas o Rio é uma cidade grande, sujeita a chuvas, trovoadas e quilômetros de engarrafamentos. Percorrer as distâncias entre o Jockey Club da Gávea, a casa da São Clemente e o Pier da Praça Mauá leva horas. Horas que não existem, de intervalos, entre os dois eventos. Se for de carro, tem o problema do estacionamento. No Pier, era longe - apesar de ter as vans para levar e trazer até o local - e caro. R$ 20. No Jockey, não tão longe, mas quase tão caro quanto - R$ 15 (o interessante é que, passando por lá no sábado, em que não havia mais o evento, notei que o estacionamento baixara para R$ 10... Será que o povo da moda pode mais? É isso?). De ônibus, nem pensar. Além de não haver tantas linhas para estes locais, levaria um tempo enorme só de espera nos pontos. De táxi, fica uma pequena fortuna. Levando-se em conta uns quatro deslocamentos por dia, na base de R$ 20, ou seja, R$ 80 por dia, sairia no barato, no final da semana, R$ 560. Sem falar nos lanches e etc.
Resultado: escolhas tiveram que ser feitas, entre um ou outro evento. O que, com certeza, não foi bom nem para um, nem para outro.
Outra coisa que não consigo entender é a dificuldade para credenciar jornalistas (nesta edição, até que foi um pouco melhor...) Mas não é interessante para os eventos e as grifes envolvidas a sua divulgação? Ou estou enganada? Uma vez o jornalista credenciado, começa uma outra luta: pelos convites que dão acesso às salas de desfile. Antigamente, me lembro, era automático. Jornalista credenciado podia assistir a todos os desfiles. O que é lógico. Se ele está ali para trabalhar e cobrir o mínimo necessário é que ele possa assistir aos desfiles. Agora, não é mais assim. Cada grife tem sua assesoria e é ela quem decide quem entra, que fica de fora. É aquela peregrinação atrás das assessorias, nos balcões da sala de imprensa, na porta dos desfiles. De uma assessoria, recebi a seguinte resposta: "vai lá, que na hora a gente resolve." "Na hora? Eu vou me deslocar para o Pier da Mauá sem ter certeza de que vou poder entrar e trabalhar? Agradeci. "Neste caso, acho melhor não ir..." Soube que barraram a Glorinha Kalil, a Marcia Disitzer. Por que ainda tem outro problema: são seguranças que ficam nas portas e eles não sabem quem é quem. Na minha opinião, é preferível não credenciar do que não dar aos credenciados condições de trabalho.
O pior é que, apesar destas dificuldades todas, as famosas penetras estão lá e ainda vi uma delas desacatando o segurança, conseguiu entrar no desfile e ainda discutiu com a assessora por que queria ficar na primeira fila!
No primeiro dia do Senac Fashion Business faltou água nos banheiros. Inconcebível num evento deste porte. Soube que também faltou papel nos banheiros. O ar refrigerado deixou a desejar. No dia do desfile da Barbara Bela. o calor estava tão insuportável, com o ar pifado - os termômetros marcaavam 40 graus lá fora, dentro da tenda deveriam estar marcando nem sei quantos! - que saí correndo, com medo de desmaiar. E as pessoas que estavam ali trabalhando, nos lounges, nos estandes? Meu Deus... Amigas me contaram que várias vezes ficaram sem internet. Como pode, jornalista sem internet?
Em compensação, a montagem do Fashion Business estava linda, o local é de fácil acesso - muito mais do que a Marina da Glória ou o MAM. E o credenciamento bem mais fácil no Senac Fashion Business do que no Fashion Rio. Além de que, e talvez por tudo isto, o evento estava muito mais alegre, mais cheio de gente que dá notícia, com muito mais cara do Rio.
No Pier, o acesso é mais complicado, apesar de terem colocado vans que levam para determinados lugares. Os banheiros funcionaram normalmente, o ar também. Mas faltou clima.
Não vamos nem falar dos atrasos dos desfiles, comuns aos dois eventos. Como também é comum aos dois a beleza da paisagem e desta Cidade Maravilhosa.
Por que não unir forças, vantagens de um com vantagens de outro, e fazer um só evento que faça jus à moda do Rio? Parece que no ano que vem não haverá mais o Fashion Rio, edição de inverno. Outra ideia que sempre tive e que talvez funcionasse: por que não fazer o inverno em São Paulo, que tem tudo a ver, e o verão no Rio, que não pode ser mais a nossa praia?
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