Quando criança, gostava de ir ao Centro com minha mãe, ao cabeleireiro, às compras e depois ao lanche na Colombo. Cresci e o Centro se tornou para mim meio assustador. Me sentia perdida nele. Até que fui trabalhar na Rio Branco, no Jornal do Brasil. E me apaixonei. Redescobri suas construções, lindas, antigas, seus tesouros escondidos em cada canto, que, curiosa, vasculhava na hora do almoço. Relembrei como era gostoso comer delícias árabes no Cedro do Líbano e comprar coisas boas, bonitas e baratas no Saara. Às vezes, à tarde, dava uma fugidinha e ia comer um doce na Pavelka, na Colombo - não tem confeitaria mais bonita no mundo! - ou na minha preferida, a Cavê. Quantas vezes deixei de almoçar para ver uma expo no CCBB, no Centro Cultural dos Correios ou na Casa França-Brasil. Vivia provando os bons restaurantes da rendondeza. Conferindo as novidades das lojas do Shopping Vertical, do bazar da Novamente, das livrarias. O JB saiu da Rio Branco, eu saí do JB e o Centro saiu da minha vida.
Mas de vez em quando acontece uma recaída. Esta semana, me diverti na Rua da Alfândega descobrindo detalhes para o aniversário de Rafael, meu neto, com direito a parada na Cavê para um guaraná caçulinha com doce de ovos, delícia! Parei na Granado da Primeiro de Março para comprar presente para o chá de bebê de netinha de uma amiga. Como está linda a loja! Passei pela Travessa, que luxo! E fui conferir a coleção da Cris Barros, nas lojas Riachuelo. Mas só chega dia 4 de abril. E da Stella McCartney na C&A. Comprei dois modelitos. As araras já estavam praticamente vazias! Acho o máximo esta ideia de grandes grifes criando peças exclusivas para lojas populares.
O artista plástico Antonio Pereira da Silva me convidou para sua coletiva, Cor de rosa choque, no Espaço Cultural Cedim Heloneida Studart, na Rua Camerino, no Centro, neste sábado. Eu e Selminha Guedes resolvemos fazer um tour de arte e passar antes no Centro Cultural Banco do Brasil, para ver a expo do holandês Escher, mas foi impossível. As filas dobravam o quarteirão. E depois no Centro Cultural dos Correios, para a exposição sobre Fernando Pessoa e a coletiva a Cara do Rio da minha janela, que curtimos muito.
Quando chegamos à Rua Camerino, a casa, tombada pelo Patrimônio, foi uma agradável surpresa, daquelas que o Rio nos reserva: toda recuperada, pintada de ocre com portas e janelas verdes, tem um jardim delicioso, muros pintados como quadros que são renovados de tempos em tempos. A exposição, ideia de Marilou Winagrad, genial, cheia de originalidade e talentos. Pela primeira vez, este ano, os homens foram admitidos na mostra e, como meu amigo Antonio, aderiram ao rosa choque.
Ira Etz e Laura Burnier vestidas de não provoque o tal de rosa choque...
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