segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Rio deságua no mar das minhas lembranças

O Rio é uma caixinha de surpresas que eu adoro ir abrindo, devagarinho, descobrindo cada cantinho. Os dias de outono estão lindos, azuis, gostosos, nem muito quentes, nem muito frios, no ponto pra gente sair e aproveitar. Outro dia, fui comer um peixe no Garota da Urca, regado a cerveja, e com pastéis de tira-gosto.
Foi uma viagem ao passado, ao meu primeiro apartamento, logo depois de casada, ali na Manoel Niobei, uma graça, com sua varandinha, suas portas e janelas que pintamos de laranja. Bons tempos aqueles em que eu não tinha televisão, telefone - falava no orelhão -, subia escada porque o prédio, pequeno e antigo, não tinha elevador, e me sentia a pessoa mais feliz do mundo. Lembrei da feirinha na praça, dos passeios pela orla iluminada, da missa aos domingos na igreja da Urca onde fui batizada e fiz minha primeira comunhão, dos jantares que gostava de fazer, sempre às terças, sempre com o mesmo menu, haddock na manteiga com alcaparras e batatas, dos sonhos que ficaram para trás.


Mas o futuro estava ali, na minha frente, e pra frente é que se anda. O prédio do Cassino da Urca finalmente sendo reformado, recuperado. Vai virar escola de design. Tem gente a favor, tem gente contra, mas como é bom ver aquele prédio tão bonito viver de novo...
Minhas amigas Ilva de Oliveira e Miriam Gagliardi me convidaram e lá fui eu, comer aquela picanha deliciosa do Esplanada Grill. Era uma quarta, mas estava cheio. Na mesa ao lado, Antonio Neves da Rocha. No canto, Paulinho Müller, recém-chegado do spa da Ligia Azevedo, alguns quilos mais magro, com Bebel Sued. Regina Gama entra com o filho. Um movimento constante. Alessandra, filha da Miriam, levou o filho Bento para eu ver. Nossa, que fofo! Está enorme e é super simpático. Depois, fomos bater perna por Ipanema, conferir o comércio luxuoso da Garcia, as novidades do atelier de Bianca Marques, com muitos quadriculados e lenços indianos de capotar, as calças maravilhosas da Mixed, as bolsas da Forum. Dá vontade de sair comprando tudo...


Fui ver o documentário sobre o Simonal, Ninguém sabe o duro que dei. Saí chorando. Por ele e por mim. Voltaram as lembranças de quanto fui perseguida só porque era filha de militar, de quanto tive que brigar na vida para defender meus pontos de vista, desde a faculdade e pela minha trajetória profissional, onde sempre me senti uma estranha num ninho de esquerda. Eu que sempre fui apolítica e até um pouco alienada! De volta de novo ao passado, lembrei de quando trabalhava em O Globo e fui fazer uma viagem num feriado, com meu marido, a Buenos Aires. Como soube na volta, por meus colegas, que tinham arrombado minhas gavetas procurando provas imaginárias de que eu entregava meus colegas ao SNI. Da dor e da revolta que aquilo me causou. De como acabei pedindo demissão sem nem voltar lá. Meu marido foi buscar minhas coisas e providenciar tudo para mim. Imagino bem o que Simonal sofreu, numa maldade tão proporcionalmente maior e injusta.


Mas voltando às coisas boas da vida, finalmente fui conhecer e provar o Bistrô do MAC. Que coisa linda! O dia estava especialmente azul e das janelas estreitas o visual era capotante. A comida, muito boa, a caipivodka também, amigas que eu adoro, o que mais se pode querer? Aliás, Niterói continua lindo, bem-cuidada, aquele trecho da Praia das Flechas, com seus prédios, o MAC e o visual do Rio é espetacular.
Falando em amigos queridos, o aniversário de Bruno Chateaubriand me levou à Gávea, à casa de Isabel Ramos, onde André comemorava o niver de Bruno com jantar. Arranjos de rosas brancas, champagne geladíssimo com morangos, duas barcas imensas de delícias japonesas, queijos fantásticos, caviar, salmon, patê, uma massa quentinha e um arroz de pato delicioso. O bolo, de Rosely Bonfante, de três andares, branco, com estrelas e iniciais de Bruno em dourado, lindo. Tudo muito chic, como sempre. Os irmãos ginastas Hypolito, Daniela e Diego, Rosamaria Murtinho, Luis Xavier, Leda Nagle, Luciana e Beto Pittigliani, Alexandre Ibitinga e Marcia Veríssimo, contando de sua recente viagem a Paris e Londres, Marie Annick Mercier, Madeleine Saade e a filha Tamima, que se casa agora em julho, Fabiano Niederauer e Luciana, da Inesquecível Casamento, George Fauci e Vanessa de Oliveira, entre os convidados.
Dia 29, é dia de comer nhoque da fortuna. Já fui mais fiel a esta tradição. Mas meu amigo Luis Villarino me fez voltar a ela com um convite para uma noite de nhoque, no Margutta. Conceição estava lá, com a sua simpatia, recebendo, ajudada por Patrícia Oliveira, uma multidão de amigos, que ia de Isabelita dos Patins, com colar que ganhou de presente de Ana Maria Braga, a Paulo Barragat, Pedrinho Aguinaga, Fernanda Bruni, Valeska Carvalho, Rawlson de Thuin, Ilka Bambirra, Pepita Rodrigues com Javier, Adele Fátima, Beth Susano, Amaro Leandro, a poeta Neide Archanjo. Coloquei meu dinheiro embaixo do prato e espero que se multiplique...


Só o Rio para nos oferecer coisas tão legais como RioHarpFestival, do projeto Música no Museu. Vou todos os anos e este não foi diferente. Num sábado ensolarado, eu e minha irmã Sylce rumamos para o Jardim Botânico, para ouvir um repertório em homenagem aos 50 anos da morte de Villa-Lobos, no Teatro Tom Jobim, com a harpista Vanja Ferreira e a soprano Paloma Godoy. Que delícia! Sergio Costa e Silva, o organizador, está realmente de parabéns. O auditório estava lotadíssimo, ouvindo aquela música divina no mais absoluto silêncio. Depois, resolvemos dar uma volta pelo JB. Como está bem cuidado, que bom...
Que diferença do tempo em que passeava pelas suas alamedas com meu pai, nos seus últimos anos de vida. Há muito tempo que não ia lá. Fiquei feliz. Para completar, um almoço suculento no Filé de Ouro, ali pertinho, antes de voltar para casa em estado de graça.
Mas o Rio, infelizmente, tem seus lados negros. Ai de ti, Copacabana. Tive que ir a um cartório no Posto Seis e fiquei horrorizada com o abandono das ruas, das pessoas. Dá medo andar por ali. Uma pena, porque a praia é tão linda, o pôr do sol coloria tudo de rosa deixando mais lindo ainda. Mas sujeira e gente jogada nas sarjetas não dá! Que diferença dos anos da minha juventude, que passei em Copa, em que a gente andava para cima e para baixo, nas suas calçadas, sem medo de ser feliz...

2 comentários:

  1. Sylvinha

    Como eu sempre digo, você é uma colunista social na verdadeira acepção da palavra. Seus olhos não perdem nada. Adorei a nota sobre a minha festa. E os cometários sobre Fashion Rio estão ótimos. Parabéns!

    beijos
    Marilena Belaciano

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  2. Sylvinha,

    você é surpreendente! Adorei o Blog: Informatico,claro, alegre e charmoso. Parabéns. Obrigada pelo registro. Beijo, Tatão

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