De malas e bagagens, comecei minha viagem para o verão embarcando ali no Fashion Rio, no Pier da Mauá onde os transatlânticos atracam e onde um dia eu também embarquei para minha primeira viagem à Europa. O lugar é lindo, os dias de outono foram de encomenda, com direito a pôr do sol avermelhado e lua cheia. Os três armazéns recuperados, pintados em tons que lembram a Toscana e Marrakesh, o chão coberto de mármore. Lá fora, decks de madeira e mesinhas com ombrelones para sentar, beber, comer, conversar e ver o povo fashion passar. Os lounges muito bem montados e cheios de delícias. O da Marie Claire imbatível, com o chef Écio nos recebendo com quitutes quentinhos. Banheiros de verdade nos livrando daqueles químicos, horrorosos. Menos gente, não sei se pelo local, não sei se por mais rigor na distribuição dos convites. Aquele ar de festa foi substituído por um jeito mais profissional, para alguns mais paulista. Mas a moda deu o ar de sua graça bem carioca.
O romantismo está de volta. Nos tecidos transparentes, nos tules sobrepostos, nas organzas preciosas.
Os vestidos reinam absolutos. O comprimento é curto. As pantalonas vieram para ficar. O short e a bermuda vestem o dia e a noite. Macacões e macaquinhos também. Os poás colorem a moda, assim como as estampas florais e de folhas. Os quadriculados continuam.
Bordados cobrem as flores das estamparias e lantejoulas graúdas fazem composições com poás gigantes.
Branco, preto, bege são as cores mais usadas. Ao lado de amarelos, verdes, rosas fortes, azuis carbono.
Sandálias rentes, no estilo gladiador, convivem com sandálias de tiras, saltos altos, de madeira.
Os colares vêm cheios, grandes. As pulseiras se multiplicam nos pulsos.
As formas soltas, confortáveis, convivem com cinturas marcadas, drapeados e o près du corps.
Laços e babados reforçam o estilo romântico. Amarrações, superposições e assimetrias criam a nova mulher.
Nos decotes, o tomara que caia e o ombro só. E transpassados, dobraduras e franjas movimentam a moda. Fotos de Márcio Madeira
A leveza da moda Mara Mac: organza pintada, tons suaves, o caimento do tecido moldando o corpo. As sandálias altas, de tiras enroladas no tornozelo
A pureza dos diversos tons de branco, o short bermuda elegante com a blusa como um lenço abraçando o corpo. Nas sandálias rasteiras, bijoux de cerâmica. E a bolsa sacolão. A mulher Mara Mac é um luxo!
O rosa se misturando ao cinza, tons claros, tons escuros, na delicadeza da organza. Faixa com laço na cintura. A moda da Tessuti me fez lembrar um vestido que minha mãe usava nos anos 50, de renda com organza, nestes tons, que marcou a minha infância. Que combinação linda de cores!
Mulher melindrosa, no pretinho todo franjado, curto e de alcinhas. Sandália alta, de cetim com tiras. Tessuti
Biquíni misturando duas estampas África. Pulseiras de madeira com aplicações de pedras. Lenny inovou com franjados a laser e os novos amassados tecnológicos
Estampas de folhas em seda preta e branca, olhar de pássaro: a mulher Lenny com os cabelos ressecados e amassados do momento, com detalhe de penas de pato e ráfia, criação Daniel Hernandez
Yayoi Kusama, artista plástica pop japonesa dos anos 70, que sofria de transtorno obsessivo compulsivo, inspirou a moda de Luciano Canale para a Sta.Ephigênia. Seus círculos incontáveis e repetidos estão nos tacheados deste conjunto de bermuda e camiseta solta, musgo
As bolas coloridas de Kusama no longo de seda da Sta.Ephigênia, usado com tênis e turbante
O paulista Walter Rodrigues foi o único que teve a ousadia feliz de desfilar ao ar livre, ao longo do cais. Ficou lindo! Passarela perfeita para sua moda que expressa seu desejo de simplicidade e conforto. O preto e o branco imperaram, com toques de amarelo
Walter se inspirou nos uniformes, nas suas linhas puras e simples, na sua praticidade e funcionalidade. “A roupa deve completar e não aparecer mais do que quem as usa”. Um sábio...
Yamê Reis buscou no estilo romântico aventureiro de Robson Crusoé a imagem da mulher Cantão de verão, meio selvagem, paradisíaca, interpretada por Daniel Hernandez com cabelos soltos e naturais e tons suaves na maquilagem
A mulher Cantão de corpo inteiro: tons de azul em listras sobre o jeans, detalhes artesanais, transpassados e sandálias de gladiadores
Silhueta solta, brilhos sobre estampa e o comprimento super míni. Cantão
Sandálias altas, de couro cru, sempre com uma tira colorida, plataforma leve: a etiqueta brasiliense Apoena pisa firme na moda
Colares de canutilhos, de muitas voltas, misturando cores, detalhe de luxo da Apoena, que apostou num estilo super jovem, muito curto, com shorts míni vestidos, sainhas em listras, poás e flores. Este vestido, com a estampa floral toda rebordada ficou demais!
O verão 2010 de Claudia Simões marcou a volta da alfaiataria à grife. Calças e camisas saídas do armário dele para o dela, tornados mais femininos pelas sandálias de plataforma de madeira com tiras coloridas e pelas bolsas com alças de correntes de osso
As amazonas, primeiro mito das mulheres livres e guerreiras, serviram de base para a coleção Claudia Simões, que transformou esta liberdade em despojamento, como neste look safári chic
As cores de Almodóvar povoaram os sonhos de Jacqueline de Biase e pintaram a sua moda praia. “A Salinas definitivamente tem a alma colorida”. As estampas, ícones almodovarianos, sempre misturados a muitos detalhes. Quanto mais over melhor. O clean que me perdoe...
Passadores dourados, em forma de grampos, no biquíni drapeado em tom solar, de laranja, com laço nos quadris. Salinas
Lembranças de férias inesquecíveis na Bretanha estão em todos os detalhes da moda de verão Cavendish: o tom azul hortênsia do vestido de decote quadrado, com detalhe de pregas no corpo e saia em gomos evasés. Cinto tressé de couro e tecido marcando a cintura no lugar. Chapéu de palha enfeitado com plumas
Babados e preguinhas na blusa de organza, leve e romântica, com a pantalona de palha de seda, no mesmo tom. Nos pés, espadrilles . Bolsa de corrente longa, em palha. Cavendish
A Maria Bonita Extra lançou um olhar contemporâneo sobre o filme O mágico de Oz e criou uma Dorothy moderna, com vestido de cintura marcada, saia ampla, de organza transparente sobre estampa de borboletas multicoloridas. Uma graça!
As cores do arco-íris e o detalhe do coração, ícone de Dorothy, neste short fofo usado com a blusa de organdi superposta à camiseta laranja. As pulseiras, várias, em misturas de cores, e os laços nos cabelos, completam o look
Moda é business
Um carrinho destes de aeroporto levava a gente até a saída do Fashion e dali era uma caminhada até o Fashion Business, também muito bem organizado e profissional. Lá, adorei as bolsas da Glorinha Paranaguá, que fazia uma homenagem ao ano da França no Brasil. De um lado, tudo bleu-blanc-rouge, até suas famosas carteiras de bambu, agora com aquelas borlas de cortina, de seda, que podem variar de cor, dependendo da roupa que você usa. Do lado do Brasil, os detalhes de bananas nos fechos, uma graça. As estampas Yes, nós temos bananas, em verde e amarelo. As palhas.
Muito bonitas as roupas de festa da mineira Cosh. Drapeados perfeitos. Cores lindas. Acabamento, tudo. Amei!
Raquel Alt, da Shop 126, fez uma coleção imensa, eclética, para as suas lojas que se multiplicam pelo Brasil. No estilo jovem, inconfundível, da marca. Adorei os vestidinhos.
A selva urbana inspirou a paulista Cholet. Bonitos, os estampados de folhas em preto e branco e os vestidos listrados.
O Jóia Brasil, de Anna Clara Herrmann bombou com homenagem a Lucien Finkelstein. Kamille Bernard mostrou suas jóias de inspiração indiana, que a gente vê na novela das oito, nas orelhas de Maia e companhia. Lucia Lima encantou com seus imensos colares, coloridíssimos. Entre os jovens, Renata Alt, sobrinha de Raquel, mostrou que o talento é de família.
Cenário perfeito
O movimento dos sem passarela me levou ao cenário lindo do Rio Scenarium, na Lapa, para ver as coleções de Homem de Barro e Marcelo de Gang, regadas a cerveja, cachaça, caldinho de feijão, pastel, e outras delícias. Na moda de Homem de Barro, inspirada no sono e no sonho, leves referências surrealistas que aparecem em estampas de céu colorido, esfumaçado ou brilhante, no gato sonhador de Chagal e nas borboletas de Dali. Travesseiros aromáticos, pot pourris e chás relaxantes inspiram texturas e volumes e roupas de dormir - da camisola à camiseta surrada - também são inspirações. Tons de chá, neutros e acinzentados. Os tecidos são voile de algodão e seda, musseline, organza e tricolines. Nos detalhes, pequenos sacos de chá, que facilitam dormir, e pequenas tomadas, para desligar as lamparinas e sonhar. Minhas escolhas: a saia godê toda perfurada em círculos, o vestido e a saia em pailletés gigantes, prata. No verão de Marcelo de Gang, preto e vinho, preto e branco, corseletes, coletes, laços, nervuras e aplicações. Nos tecidos, cetins, organzas. Minhas escolhas: o vestido de cetim, todo drapeado, estilo sereia, e o pretinho de organza com nervuras na saia.
terça-feira, 16 de junho de 2009
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